Hoje faz 92 anos que foi lançado o manifesto da doutrina integralista datada de 1932, um período de muitas mudanças e movimentações políticas que mudaram o rumo do Brasil e que pavimentaram a estrutura política de nossa atual república. Venho aqui como um cidadão Brasileiro que quer dividir um pouco minhas experiências e explicar para os companheiros sobre como trilhei meu caminho até aqui. Digo que esse caminho se iniciou ainda mesmo no final do ensino médio, onde eu estava sendo bastante influenciado na época pelos ideais liberais/libertários, acabava de conhecer e se entusiasmar com as leituras incipientes que havia feito, indo desde Bastiat, Hoppe, Rothbard e Lysander Spooner; havia dentro de mim, um pequeno desejo de sentir que eu poderia contar com meu país, minha nação e cultura….mas os libertários me ensinaram que nação é uma concepção falsa criado pelo estado durante as eras para aprisionar os indivíduos e isto ficou muito forte em mim por um tempo.
Nossos debates giravam em torno de assuntos que indiretamente tinham que alimentar a nossa crença na “abolição do estado”; leituras de filosofia da mente que precisavam dizer que o estado era a raiz dos males e das limitações da consciência, livros de psicologia que precisavam explicar como o estado, como instituição, cria neuroses e neuróticos pelo simples fato de usar da força para criar ordem, fora outros assuntos em que eu quase aderi ao anticlericalismo por ser um “gigantesco limitante a vontade humana”; mesmo sendo Católico, estava me tornando um baita liberal no estilo mais Adam Smith. Certo tempo depois, comecei a retornar a Cristo, voltei a frequentar as missas dos domingos, rezar o terço e ler vários assuntos relacionados a Cristandade, a filosofia Aristotélico-Tomista e dentre outros; mas não estava completamente convencido desta posição, por conta da crença economicista que alimentei por anos.[1]
No começo do ano de 2023, já não me via mais como alguém que poderia se chamar de libertário, pois eu tinha me tornado outra coisa, mas o que seria isso? Eu não sabia no que acreditar mais, me senti “murcho” fiquei anos e anos estudando uma ideia que nunca havia me agregado em nada, só criou ilusões e fantasias de uma sociedade neofeudalista e uma utopia ao estilo Rousseau; eu estava perdido, não sabia mais no que acreditar, pulei de grupo em grupo[2], tentando achar inconscientemente uma forma de ter outra atividade intelectual e política.
Participei de grupos “Tradicionalistas” sempre buscando algo que pudesse agregar a um propósito maior, mas lá no fundo eu achava que tudo aquilo era insuficiente; até mesmo comecei a ter problemas de escrúpulos, o que me deixou amargurado psicologicamente e me fez ter uma fase bastante farisaica, mal-tratando todos aqueles que não eramCatólicos (Principalmente os Protestantes).
Até um certo dia que um conhecido meu, resolveu mostrar uma foto do jornal de São Paulo, que mostrava uns caras com camisa-verde. Considerei aquilo extremamente cômico, eu pensei “ainda existe fascismo? Essa galera não para de passar vergonha”. Mesmo com gargalhadas e algumas zoações, fui verificar o portal da dita “FIB” e saber o que eles acreditavam; esta teria sido uma das melhores decisões que tomei em vida. Com o tempo, comecei a verificar que tudo o que eu sabia sobre a FIB tinha caído por terra, a desinformação sobre a AIB, a prisão decretada por Vargas, as gigantescas perseguições a um movimento que seguia à risca a DSI… Não estava fazendo sentido, ao meu ver, um movimento que cuja doutrina é pura, boa e que transforma as pessoas em seres melhores, que as auxiliam para se santificarem[3] e mesmo assim eram completamente discriminados; não estava certo. Algo mudou desde então, comecei a pesquisar mais sobre a FIB, suas ações no meio social, sua história e doutrina; nunca que uma doutrina tivesse feito tantos reparos e tantas mudanças, decidi que estava na hora de me encontrar com um representante deles e conhecer mais sobre o movimento.
Foi no meio de 2023 que conheci o ex-presidente Carlos Ribeiro(o qual considero hoje meu amigo) à primeira vista, era uma caricatura retirada dos anos 30, um sujeito bastante magro com o mesmo estilo de bigode do chefe Plínio Salgado. Suas roupas estavam demasiadamente formais para uma reunião comum do núcleo cearense, mas tinha seu estilo. Carlos era um líder brilhante, uma natureza de um cruzado moderno, que batalhou muito contra tudo e todos mesmo sendo bastante jovem. Meses se passaram e parecia que eu já estava ali a muito mais tempo, tive uma grande metanoia e minha vida se transformou, me tornei um Católico melhor, uma pessoa melhor e alguém que aprendeu muito mais do que pensamentos políticos. Algum tempo depois, fui notificado que havia sido escolhido para ser o líder do Núcleo Cearense (em 1 ano) o que nos leva até este dia, o dia 7 de outubro. Foi por conta desta doutrina, deste manifesto que me trouxe até aqui, que formou quem eu sou e haverá muito mais para contar daqui pra frente.
Por Cristo e pela Nação.
Anauê!!!
Autor: Ygor Aquino | Presidente da FIB-CE.
Notas:
[1] Aparentemente, muitos libertários possuem crenças fortíssimas alinhadas com o mundo externo, necessariamente o funcionamento do mundo externo é igual a do mundo interno (uma “ordem espontânea”) essa forma de ver o mundo é bastante idealista e que contrasta com o tipo de visão que eu estava começando a despertar em mim, logo, esta visão austríaca estava se tornando cada vez mais difícil de manter.
[2] Sempre tive uma vocação para estudos de áreas como: Ciência Política, Economia e Psicologia. Neste caso, eu estava tentando ressignificar o meu propósito, saber o que fazer e qual seria o sentido dos meus deveres e por isso procurei grupos intelectuais para continuar estudando vários assuntos, mas nunca me fixava em nada.
[3] Foi uma das primeiras vezes que senti algo despertar dentro de mim, algo que estava no fundo do meu espírito e que eu não sabia descrever em palavras, mas era finalmente o despertar do Homem no meu mundo interior.